sexta-feira, 6 de março de 2015

Papo de Mina - Dia da Mulher

Todo ano é a mesma coisa...
Mais ou menos uns dez dias antes do Dia da Mulher, somos homenageadas por toda a mídia que mostra casos "isolados" de mulheres que se destacaram porque invariamelmente assumiram com sucesso papéis tradicionalmente masculinos.
Ou ainda nos dão a oportunidade de consumir desenfreadamente todo tipo de bugigangas vindas especialmente da China e destinadas a seres humanos de porte físico inimaginável. Roupas que só entram em magérrimas (deve ser para economizar tecido mesmo), sapatos de saltão que sugerem uma breve igualdade com os homens e maquiagem cujas cores da moda desafiam o verão e nos transformam em seres pálidos próximos do último suspiro.
Nos dão chocolates, mas não podemos engordar. Nos dão livros (que nos convencem sobre o valor de um bom "pedala Robinho" do ser amado) e nos deixam escolher o novo modelo de liquidificador que já estava quebrado há tempos. Temos direitos sobre o nosso próprio corpo, mas ninguém explica que isso gerará grandes consequências.
E a gente acha lindo...
Nossas avós queriam o direito de votar, nossas mães de serem votadas e nós simplesmente queremos que os valorosos rapazes entendam que independência não significa que tenhamos que carregar o mundo nas costas.
Esse negócio de ser eficiente é cansativo!
Nos impomos a obrigação de ter emprego remunerado, fazer atividade física, estudar, cuidar dos filhos, da casa, do bichinho de estimação, fazer algum tipo de artesanato da moda e ter sempre um bolo quentinho saindo do forno de última geração. Tudo devidamente postado nas redes sociais.

Em hipótese nenhuma podemos esboçar fraqueza ou, segundo alguns críticos de plantão, amarelar.
Uma das características mais festejadas do gênero feminino é a capacidade de se reinventar e em algum momento da vida ela percebe que isso pode significar eleger prioridades. Se isso é amarelar, Tô dentro! 
Então a casa cai!
Cai porque você não se lembrou de chamar o pedreiro, porque um dos outros habitantes da casa não encontrou a camiseta preferida na gaveta ou ainda você optou por priorizar a sua família e não é mais fonte de renda. 
Lascou-se! Voltou dez casas no joquinho social e está na posição de mulher dependente.

Quando empregadas domésticas eram pagas com moedas, qualquer jagunça poderia ter serviçais em casa. Mas após muita luta de classe, elas conseguiram alguns benefícios que ainda não as equiparam aos trabalhadores de indústria, por exemplo. Agora a situação apertou para as mulheres em posição social melhorzinha, pois temos que lavar janelas no fim de semana! Serviços domésticos encareceram muito, valorizando esse tipo de trabalho como nos países desenvolvidos. Afinal, nosso grande sonho de colonizado não era ser como nossos senhorios?
E é isso que estamos ensinando para as nossas menininhas. Que tem que trabalhar, ganhar dinheiro, entrar em um curso superior da área de Exatas e lá arranjar o bom e velho provedor. Presenteamos nossas menininhas com roupinhas coladas que valorizam o seu físico de pardal e não queremos ter problemas mais tarde...

Pois é, minha gente linda. As mulheres continuam lutando por espaço, por valorização, por liberdade. Só que eu não vejo ninguém gritando por bom senso!
Nós já aprendemos a lidar com os desafios de nossa época, mas o que será de nossas menininhas?
Feliz Dia da Mulher 2015

Dicas de filmes sobre o tema:

Inocência
Terra Fria
Erin Brockovich
Mulheres Perfeitas
Anjos do Sol
O Sorriso da Mona Lisa
O Exterminador do Futuro (olho na Sara O'Connor)
O Clube da Felicidade e da Sorte
Garota Interrompida
Taxi Driver






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